Na edição impressa do fim de semana de 25 e 26 de abril, o Diário deu o pontapé inicial a um espaço de opinião dedicado às mais variadas vertentes de pensamento. A seção Plural tem o propósito de trazer, todos os dias, dois colunistas com posicionamentos diferentes, na mesma página, sobre temas livres. A cada dia, dois colunistas de vertentes diferentes debatem ideias livres no Diário. Conheça quem são e o que pensam as 12 pessoas que assumiram essa missão.
Por amor aos fatos... e à história Giorgio Forgiarini style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever"> É justa a defesa da liberação das armas à sociedade civil. Não me refiro ao mérito da questão, já que tendo a ser contrário à causa, muito embora não me sinta à vontade para firmar posição definitiva quanto ao tema. Não serei eu, no entanto, a censurar aqueles que legitimamente defendem o armamentismo, desde que o façam com base em argumentos verdadeiros. Eis, pois, que no curso desta semana, li aqui no Diário artigo do colega e amigo Rony Cavalli, favorável à liberação das armas. Mais do que o próprio mote do artigo, me chamou a atenção a argumentação, em parte, equivocada. Peço, então, não por amor à causa, mas aos fatos, licença ao amigo para um cordato contraponto. É falso que Hitler tenha desarmado a população alemã. A verdade, aliás, é justamente o oposto. Os alemães vinham sendo desarmados gradualmente desde de 1919, quando a Alemanha ainda era democrática e se chamava República de Weimar, não por vontade própria, mas por força do famigerado Tratado de Versalhes. Apenas em 1928, já sob influência nazista, essa proibição foi relativizada e as armas foram permitidas àqueles "de fidelidade inquestionável". A liberação quase total veio em 1938, quando rifles e espingardas foram liberadas aos alemães "de bem". Aquele ano, inclusive, ficou marcado pela "Noite dos Cristais", quando milícias paramilitares formadas por civis "de fidelidade inquestionável" destruíram e pilharam milhares de casas, lojas e sinagogas de Judeus. Era o mundo sendo apresentado às S.A.s (Sturmabteilung). O segundo argumento equivocado daquele artigo é o de que a União Soviética também desarmou sua população. Pelo contrário, a Constituição Soviética de 1918, em seu capítulo II, estabeleceu, não apenas o direito, mas o dever de os trabalhadores possuírem armas e passarem por treinamento militar, justamente para lutar contra os "possidentes". Aliás, diga-se, não fossem os civis armados, Stalingrado não teria resistido aos alemães em 1943. UM ALERTA NECESSÁRIO A quem se diz anticomunista: muito mais que os liberais, comunistas radicais também são favoráveis à liberação das armas. Ora, se Marx defendia uma revolução popular armada contra os donos do capital, seria providencial que o proletariado tivesse acesso livre às armas. Não à toa partidos de extrema esquerda, como PCO e PSTU são entusiastas da liberação das armas. Já pensaram nisso? UMA INDAGAÇÃO
A saber: A hoje defendida liberação das armas se estenderia a índigenas, comunistas, sindicalistas, sem-teto e sem-terras, ou se resumiria aos de "fidelidade inquestionável"? A resposta importa... e muito! | Crimes de opinião Rogério Koff style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Confesso que havia previsto outro tema para a coluna semanal, mas fui literalmente atropelado pelos fatos. A operação autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito sobre as fake news se impôs como o assunto da semana. O alvo da operação foram blogueiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, empresários e até deputados da base governista. O crime: críticas aos ministros do STF e ao Congresso nacional. O método da operação: mandados de busca e apreensão de computadores, intimações para depor e investigação de "suspeitos". Quais as reais motivações desta operação? A necessidade de proteger os cidadãos de informações supostamente falsas? Quem determina o que é verdadeiro e o que é falso quando estamos diante de opiniões? Algumas opiniões são mais verdadeiras ou válidas do que outras? Até onde vai a legitimidade do poder estatal sobre os indivíduos? É necessário que a justiça ofereça proteção a seus cidadãos em casos de crimes contra a honra ou invasão de privacidade. Qualquer indivíduo ofendido pode processar aquele que o ofendeu. A lei garante isso. Mas é inaceitável que, sob o pretexto de combate às fake news, um órgão da república decida impor censura prévia. Liberdade de expressão é o pilar mais importante de uma democracia e não pode ser controlada, sob nenhum pretexto. DE VOLTA A 1984 INDIGNAÇÃO SELETIVA Muitos que hoje bradam contra o suposto autoritarismo do governo Bolsonaro aceitaram como cordeirinhos as tentativas petistas de aniquilar a liberdade de expressão em nosso país. São os mesmos que não enxergam um perigoso precedente na decisão do ministro Alexandre de Moraes. |